sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Sofonisba, O erro de Tomás de Aquino, parte 1


Sofonisba correspondeu-se com Michelangelo. Teria cerca de 22 anos.

Enviou-lhe, em certa altura, um delicado desenho de uma rapariguinha risonha e pediu-lhe opinião. O Mestre respondeu que gostava de a ver desenhar um rapaz a chorar, assunto muito mais difícil que uma sorridente menina.

Sofonisba respondeu-lhe assim:
com o desenho aqui ao lado ( preservado graças  a Vasari)
uma rapariguinha ri-se ternamente dum rapazito choroso picado por um camarão.

Esta capacidade de resposta com inventividade, naturalidade e imaginação não passou despercebida aos seus contemporâneos. Tanto que este desenho foi preservado. Conseguir responder ao "Il divino" com este despacho não era comum.

Sofonisba era uma mulher com o dom de criar, de inventar, de dar aquela aparência da emoção do verdadeiro da vida, conseguia ser  assim uma artista iluminada pela "invenzione" divina.

Isto numa época dominada pela filosofia aristotélica, tão elaborada por Tomás de Aquino em que todo o esforço de Criar se dizia no masculino, incluindo o esforço da procriação. A mulher era vaso, era útero e como artista o elogio máximo seria o de ser considerada uma boa copista, mas nunca, realmente, uma criadora.

Que quebra cabeças para os críticos e fazedores de opinião do seu tempo deve ter sido esta mulher, nobre, independente e com este dom.

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