sábado, 15 de dezembro de 2012

Sofonisba Anguissola: De olhos bem abertos para as surpresas da Vida



Após a morte do seu marido em Palermo, Sofonisba viaja de barco até Cremona, sua terra natal. Nessa viagem ter-se-á apaixonado pelo bem mais jovem capitão da embarcação Orazio Lomellino.
Paixão essa correspondida em amor e dedicação até ao fim da sua vida.
Estabelece-se em Génova em casa dos parentes do seu marido com estúdio próprio continuando a pintar.

É visitada, admirada e respeitada por vários pintores do seu tempo. Um jovem Anthony Van Dyck já no final da vida de Sofonisba encontra-a em Palermo e faz um esboço interessantíssimo da idosa pintora no meio duma série de notas

Ela pinta quase até ao fim.

O seu último quadro conhecido é de 1620. A visão (muito provavelmente cataratas) falha-lhe dificultando-lhe a tarefa que tanto amava .

c1610 autoretrato



Soube, no entanto, sempre manter-se de olhos bem abertos para as pequenas e belas surpresas da Vida. Deixou um corpo de pintura sólido;  cerca de 50 quadros reconhecidos como seus, mas com uma parte não totalmente descoberta pois vários dos seus quadros pereceram num incêndio do Prado do séculoXVII, ficando apenas as reproduções feitas por outros. Complicada ainda esta tarefa pelo facto de  outras das suas obras terem sido atribuídas a autores homens.

c1620 autoretrato
Il Miracolo di  Natura morre em 1625.



O seu marido em 1632 dedica-lhe este epitáfio:

Para Sofonisba, minha mulher, ......recordada entre as mulheres ilustres do Mundo, única na arte de retratar as imagens dos homens...Orazio Lomellino pela perda do seu grande amor dedica este pequeno tributo a tão grande mulher."

Sofonisba Anguissola mostra, no meio de tantos constrangimentos, o de género, o da classe social, o de lutar por um nicho de patronos que não lhe pertencia naquele longínquo Renascimento, que foi possível ser mulher e artista, ter o dom da divina invenzione, abrindo o caminho ao reconhecimento de outras mulheres pintoras e artistas como Lavinia Fontana, Barbara Longhi, Fede Galizia e Artemisia Gentileschi.

Digo assim um breve adeus a Sofonisba Anguissola e vou descobrir essas outras mulheres que têm também um lugar próprio e de direito na História da Arte.




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